Movimento de Massa em Wrangell, Alasca: Impactos e Medidas de Prevenção

Movimento de Massa em Wrangell, Alasca, EUA

Um movimento de massa ocorreu em 20 de novembro de 2023, impactando a remota comunidade de Wrangell, no sudeste do Alasca. Durante uma tempestade intensa com chuvas torrenciais e ventos fortes, um movimento de massa atingiu três residências diretamente, uma delas desocupada.


Vista frontal, no dia seguinte, do movimento de massa que atingiu Wrangell. Fonte: Departamento de Transporte e Instalações Públicas do Alasca.

Entre 1h e 20h da segunda-feira, Wrangell registrou entre 50 milímetros (Serviço Meteorológico Nacional em Juneau) a mais de 76 milímetros (Universidade do Alasca Fairbanks) de chuva, acompanhados por rajadas de vento de até 96 km/h em elevações mais altas. Essa ocorrência esteve inserida em um sistema climático intenso que atravessou o sudeste do Alasca, trazendo neve intensa para algumas regiões, condições similares a uma tempestade de neve para Juneau, além de chuvas com inundações leves em áreas mais ao sul.

Os índices pluviométricos observados em Wrangell na segunda-feira não são incomuns, no entanto, ocorreram após um outono excepcionalmente úmido, que já havia saturado o solo. Além disso, ventos fortes podem ter contribuído para desencadear o fluxo de detritos. Os solos saturados podem romper quando rajadas de vento movem árvores em uma encosta declivosa.


A massa movimentada alcançou o oceano. Fonte: Departamento de Transporte e Instalações Públicas do Alasca.

O movimento foi deflagrado por volta das 21h da segunda-feira, durante a tempestade com vento, resultando em uma cicatriz de cerca de 137 metros de largura desde proximidades do topo da elevação positiva até o oceano. Além das moradias diretamente atingidas, a massa transportada alcançou a Rodovia Zimovia e cortou o acesso e a eletricidade de cerca de 75 outras residências.

O desastre resultou em um total de cinco vítimas fatais confirmadas e uma desaparecida (até a presente data de publicação). Testemunhas e sobreviventes relataram em detalhes a força do deslizamento, descrevendo-o como um evento destrutivo que deixou uma extensa área de destroços.

O local tornou-se instável e perigoso, dificultando os esforços iniciais de busca e resgate das autoridades locais. A operação foi conduzida por múltiplas agências, inclusive pela Guarda Costeira Americana, empregando cães farejadores e drones para localizar possíveis vítimas e garantir a segurança da comunidade, enfrentando desafios significativos devido à instabilidade do local e às adversidades das condições climáticas.


A comunidade de Wrangell afetada pelo movimento de massa. Fonte: Departamento de Transporte e Instalações Públicas do Alasca.

Entre os profissionais listados e destacados para a resposta imediata estiveram um geólogo, um especialista em drones e um operador de máquinas pesadas. O geólogo realizou as avaliações geotécnicas preliminares para a liberação das operações terrestres de busca e resgate. Aqui cabe ressaltar a importância deste profissional no atendimento emergencial em áreas afetadas por movimentos de massa.

Também foram relatados deslizamentos na área de Ketchikan e na Ilha de Prince of Wales. Este cenário evidencia a alta suscetibilidade das áreas montanhosas, na região Sudeste do Alasca, a eventos naturais de movimentos de massa, que podem ser agravados pelas geleiras, permafrost e eventuais terremotos, e ressalta a necessidade de preparação e medidas preventivas em face de mudanças climáticas imprevisíveis.

As mudanças climáticas podem aumentar a frequência e a intensidade desses eventos, tornando essencial o estabelecimento de sistemas de monitoramento e alerta e a adoção de medidas preventivas para proteger comunidades vulneráveis.


Sistemas de Monitoramento e Alerta

No mundo, em algumas áreas suscetíveis a movimentos de massa, existem sistemas para proteger as comunidades. Esses sistemas envolvem instrumentos que monitoram constantemente movimentos de encostas, condições do solo e condições climáticas locais. 

A implantação destes sistemas exige uma extensa pesquisa preliminar, um investimento significativo inicial e também para manter os instrumentos em operação e, quando esses sistemas são eficazes, eles são, geralmente, destruídos e precisam ser repostos.

Instalar tais sistemas seria desafiador no Alasca, onde o território é vasto e a coleta de dados e informações está apenas começando. Ainda assim, existem iniciativas em andamento em algumas comunidades que enfrentaram tragédias passadas ou que são consideradas de risco elevado.

Em Sitka, existe um sistema de alerta que foi acionado em agosto, quando a cidade foi atingida por chuvas recordes. Em Haines, o município possui informações suficientes para alertar os residentes durante eventos de chuvas intensas. Em Juneau, a maior cidade do sudeste do Alasca, o município contratou uma avaliação de riscos que resultou em uma série de mapas identificando as áreas mais suscetíveis a deslizamentos, como grande parte da região central da cidade.


Sinais de instabilização 

Como no Brasil, por lá, as autoridades pedem à população que fique atenta aos sinais de instabilização, monitorando o entorno para tomada de ação preventiva e mitigatória.


A amplitude do movimento de massa é a mesma do relevo declivoso lindeiro. Fonte: Departamento de Transporte e Instalações Públicas do Alasca.


Os sinais de alerta, ou instabilidade, incluem água do rio se tornando barrenta/turva, acúmulos de água na superfície do terreno, novas nascentes ou surgências d’água, água fluindo em áreas diferentes, novas fissuras em ruas ou calçadas, inclinação incomum de árvores ou postes telefônicos, e portas e janelas que não funcionam corretamente.

Além disso, deve-se prestar atenção a sons como estalos, estrondos, som de rachaduras em árvores, ou de sua queda, e batidas de rochas/matacões. A passagem de um deslizamento é frequentemente comparada ao som e à sensação de um trem de carga passando.

Em caso da presença de alguns destes sinais indicando a iminência de um deslizamento, ou seu acontecimento em curso presente, as recomendações e medidas de autoproteção, de acordo com o governo municipal de Haines, Alasca, são:

  • Se ouvir sons incomuns, sair do caminho de um deslizamento ou fluxo de detritos é a melhor forma de proteção.
  • Da mesma forma, se estiver perto da praia e perceber mudanças incomuns no nível da água ou na inclinação próxima, dirija-se para terrenos mais altos, afastando-se de qualquer movimento visível do movimento de massa.
  • Se não for possível escapar, vá para um cômodo no segundo andar ou para o lado da casa que fica na parte inferior do declive, encolha-se em uma posição protegida e cubra a cabeça. Escolha uma área onde não haja perigo de ser prensado ou esmagado por móveis. Em casas de um andar, subir em móveis ou bancadas pode proteger contra sufocamento ou arrastamento. Áreas não mobiliadas, como closets, corredores internos ou banheiros, podem oferecer proteção adicional.
  • Abrir portas e janelas voltadas para baixo pode ajudar o fluxo rápido de detritos a passar pela casa, reduzindo o acúmulo de detritos que podem levar ao soterramento, sufocamento ou danos estruturais.


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