Antropoceno Lunar: Impacto Humano e Preservação na Lua

A publicação na Nature Geoscience dos geólogos e antropólogos Justin Allen Holcomb, Rolfe David Mandel e Karl William Wegmann, intitulada "The case for a lunar anthropocene", propõe um novo marco na história lunar: a designação da era do Antropoceno Lunar. Este artigo visa explorar os argumentos dos autores sobre a influência humana na Lua, questionar a Lua como um ambiente estático e discutir estratégias para a sua preservação.


Durante a missão Apollo 16 em 1972, John W. Young, comandante da missão, e Charles M. Duke Jr., piloto do módulo lunar, começaram sua jornada de três dias na Lua. Na imagem, Young é visto saudando a bandeira americana, com o módulo lunar e o veículo lunar de exploração ao fundo. Fonte: NASA.


Impacto Humano e o Início do Antropoceno Lunar

O conceito de Antropoceno Lunar, segundo os autores, começou em 1959 com a chegada da sonda Luna 2 da antiga União Soviética (URSS) à superfície lunar. Esta era marca uma influência humana significativa na Lua, semelhante ao Antropoceno na Terra. Os autores destacam a necessidade de reconhecer e mitigar os impactos humanos na Lua, especialmente à luz das futuras missões espaciais planejadas.


Exemplos de interferências humanas na Lua: a) Cratera formada pelo impacto da sonda lunar Ranger 6 dos EUA em 1964. b) Local de impacto do estágio superior Saturno IVB da Apollo 13 dos EUA em 1970. c) Local do acidente do módulo lunar Beresheet de Israel durante tentativa de pouso suave em 2019. d) Módulo lunar Chang'e 4 da China, lançado em 2018. e) Fotografia e parte da pegada deixada pelo astronauta Charles Duke durante a missão Apollo 16 dos EUA em 1972. f) Local do Pacote de Experimentos na Superfície Lunar da Apollo 17 dos EUA em 1972, mostrando o Gravímetro Lunar em primeiro plano e o módulo lunar ao fundo. g) Sonda Surveyor 3 da NASA dos EUA que pousou em 1967 e pegadas da Apollo 12, ocorridas mais de 3 anos depois, resultando na recuperação de alguns componentes da sonda. h) Trajetos do rover Lunokhod 2 da Rússia, implantado durante a missão Luna 21 em 1973. Fonte: Holcomb et al. (2023).


O Mito da Lua Estática

O artigo desafia a percepção comum de que a Lua é um ambiente inalterável e minimamente impactado pela humanidade. Holcomb e colegas argumentam que processos culturais e humanos estão começando a superar os processos geológicos naturais na Lua, principalmente através da movimentação de regolito causada por rovers, pousos e atividades humanas.


Desafios Futuros e Preservação Lunar

A pesquisa aponta para desafios significativos nas próximas décadas, à medida que mais países se envolvem na exploração lunar. Os autores enfatizam a necessidade de uma abordagem responsável para a exploração lunar, a fim de preservar a herança lunar e mitigar os efeitos nocivos no ambiente lunar delicado.


Preservação do Patrimônio Lunar

Holcomb e sua equipe também abordam a importância de preservar o patrimônio histórico e antropológico da Lua, que atualmente carece de proteções legais ou políticas adequadas. Eles propõem a preservação de itens como rovers, bandeiras e pegadas, vistos como extensões valiosas da jornada da humanidade e parte de um registro arqueológico significativo.


Conclusão

Este artigo, ao seguir as linhas da publicação de Holcomb, Mandel e Wegmann, destaca a importância de reconhecer e abordar os impactos humanos na Lua. Sublinha a urgência de ações para preservar o patrimônio lunar e adotar práticas responsáveis nas futuras explorações lunares.


Referência

Holcomb, J. A., Mandel, R. D., & Wegmann, K. W. (2023). The case for a lunar anthropocene. Nature Geoscience. DOI: 10.1038/s41561-023-01347-4. Disponível em: Nature Geoscience.














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