Islândia - O Retorno

Eyjafjallajökull - O famoso vulcão islandês voltou a dar as caras com o aumento de sua atividade explosiva. A nuvem de cinzas expelidas nessa nova injeção de magma causa preocupação para o funcionamento correto de motores à combustão e, portanto, para tráfego aéreo no norte de noroeste da Europa.


A extensão da pluma de gás e cinzas pode ser vista nesta imagem do satélite Terra de 6 de maio. Sua geometria curva (leste, depois para sul-sudeste) indica ação das correntes de ar da atmosfera.

Clima Global

Grandes erupções vulcânicas são conhecidas ao longo do tempo geológico por terem influenciado o clima do planeta Terra. Um dos condicionantes pouco conhecidos para o início da extinção em massa dos dinossauros (e das outras formas de vida) seria justamente a erupção em larga-escala de lavas basálticas massivas no Planalto do Deccan, Índia, que levou a mudanças no comportamento atmosférico, tais como, resfriamento e ocorrência de chuvas ácidas no planeta.

Acredita-se que estas erupções ocorreram durante um período de pelo menos 1,5 milhão de anos, podendo chegar até entre 8 a 9 milhões de anos. Expeliu cerca de 1 milhão de quilômetros cúbicos (1.000.000 km³) de lavas básicas.


Seção de cerca de 1.200 metros de derrames basálticos expostos de Deccan na região de Mahabaleshwar, Sahyadri.

Isto e a colisão de um corpo extra-terrestre de grandes proporções na península de Yucatán, México, formando a cratera de Chicxulub. Estas combinações proporcionaram conseqüente mudança no meio físico que suportava a vida como era então conhecida.


Criação artística do impacto de um corpo extra-terrestre na península de Yucatán.

Este impacto, grande conhecido da maioria por causar a extinção dos dinossauros, ocorreu cerca de 65 milhões de anos atrás, entre os períodos geológicos conhecidos como Cretáceo e Terciário. Portanto, uma combinação de fatores determinou uma rápida mudança no clima global, porém não se pode descartar as influências das erupções vulcânicas no clima e funcionamento atmosférico.


Mapa geofísico da anomalia gravimétrica (simétrica circular) na península de Yucatán evidencia a Cratera de Chicxulub de 137 quilômetros de diâmetro.

Considerando que nosso vulcão islandês se localiza em alta latitude e sua erupção não é de larga-escala, nem mesmo dura há muito tempo é possível dizer que as plumas expelidas não têm influência no clima global.

Para que um vulcão altere significativamente o clima é necessário que ele ejete cinzas na estratosfera (faixa de cerca de 20 a 50 km de altitude), que é acima de ocorre chuva ou neve (que eliminariam estas partículas).



O dióxido de enxofre ejetado com a pluma de cinzas então se transformaria em gotículas de ácido sulfúrico que podem refletir os raios solares, assim resfriando a atmosfera. Pelo fato de não chover ou nevar, estas partículas poderiam ficar de meses a anos na atmosfera atuando.

De maneira simples a circulação do ar na atmosfera funciona da seguinte forma: o levantamento de ar para a altitude da estratosfera ocorre em baixas latitudes, ou seja, na região entre os trópicos de Capricórnio e de Câncer pela maior incidência da energia solar e na região de baixas latitudes ocorre a subsidência (descida) do ar.

Este mecanismo simples dificultaria a injeção de cinzas na estratosfera em altas latitudes, mesmo em uma erupção explosiva de alta energia. A tendência das particulas de uma erupção localizada em tal latitude é de não se espalhar, diferente do que pode ocorrer em erupções em baixas latitudes onde a influencia sobre o clima pode ser maior.


6 de maio: vulcão continua ativo expelindo colunas de cinzas e gás.

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